quarta-feira, 17 de outubro de 2012




Esse era o primeiro desafio: tornar-se conhecido, mais que isso, aceito.
Geraldo tinha baixíssimos índices de capilaridade. Eu tava doido pra usar esse termo.
Talvez porque cabelos povoem cada vez menos meu telhado. Uma vez mostrei às minhas filhas uma foto de Steve Jobs e disse, de olhos fechados, estão vendo, cabelo não é tudo.
Mas capilaridade para candidato é tudo. Bem, quase tudo. Um político tem isso, quando dizem que tem densidade política, é bem lembrado.
No caso das eleições municipais para o Recife, em 2012, Humberto Costa, Mendonça Filho e Daniel Coelho têm/tinham mais capilaridade que Geraldo.
Isso trás muitos equívocos. Os opositores da Frente Popular pensam que associar a imagem de Jarbas com a de Geraldo/Eduardo seria um fator negativo - entendem que Jarbas perdera a tal capilaridade ao ser massacrado nas urnas pelo Governador. Ora, o próprio Jarbas teria antes humilhado Arraes nas urnas, mas "Pai Arraia" continua sendo referência, no mínimo histórica: tem capilaridade póstuma.
Qual foi a sacada? Como a cena política da Frente Popular parecia mais ringue de MMA, com o senador Armando Monteiro se rebelando, com o PT em processo de autofagia, e os demais partidos feito batatas tontas, enfim, uma zorra total, o Governador chamou para si a responsabilidade pela condução do processo, obviamente não um gesto unilateral: sacou Geraldo Júlio da cartola, um ilustre desconhecido.
Sim, era um ilustre quadro atuando no Estado, porém sem capilaridade política.
Eureca! Era isso. Talvez o povo - ou melhor, as pessoas - estivessem cansadas com a dança dos nomes que circulavam na mídia. A quanto tempo os dois Raul, Mendonça, João Paulo, Daniel, Humberto, Fernando Bezerra, Maurício Rands, Cadoca, dentre mais alguns, são prefeituráveis? Daí vem o novo - o desconhecido - pra um novo Recife. Uma manobra arriscada, sem dúvidas, mas, para macaco velho, um risco (bem) calculado.
Desse modo, toda a campanha gira em torno de dotar Geraldo Júlio de capilaridade (com credibilidade) - novinha, sem desgaste, um virgem. Assim, o desafio é fazê-lo chegar ao altar e ouvir o sim do povo, ops, perdão, das pessoas, no dia 7 de outubro. 

Antonio Clériston de Andrade

Ah, essa charge foi publicada na Folha de Pernambuco, em 11 de julho de 2012, antes dele aparecer com 5%, no dia 18 do mesmo mês. Agora, já entra na casa dos 20%, segundo o JC/IPMN

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